O Pelourinho viveu uma noite inesquecível neste domingo, 22 de junho, com um espetáculo de cores, ritmos e encontros culturais que consolidaram o local como um dos palcos mais diversos e vibrantes da capital baiana durante os festejos juninos. Em meio às ladeiras históricas decoradas com bandeirolas coloridas, balões gigantes e luzes quentes, uma multidão se reuniu para celebrar, dançar e testemunhar um São João que é, ao mesmo tempo, raiz e reinvenção.

O grande destaque da noite ficou por conta da banda Olodum, que subiu ao palco principal no Terreiro de Jesus em uma apresentação que ressignificou o espírito junino. A força dos tambores afro-baianos encontrou o compasso do forró e do xote, criando uma atmosfera única, onde tradição e identidade negra se fundiram em uma celebração plural. O grupo levou clássicos como “Faraó” e “Alegria Geral” ao público, mas também apresentou releituras criativas de músicas juninas, como uma versão percussiva e arranjada de “Asa Branca” que arrepiou quem estava presente. Ao microfone, os vocalistas destacaram a importância de celebrar o São João como uma festa do povo, de todas as cores, credos e histórias.

Já no Largo do Pelourinho, a cantora Larissa Marques trouxe uma proposta diferente, mas igualmente envolvente. Com sua voz potente e carisma natural, ela entregou um show marcado pela fusão do forró com a música romântica e o arrocha moderno. Faixas como “Te Amo Demais” e “Volta Pra Mim” embalaram casais e emocionaram famílias que dançavam coladas sob o céu estrelado. A artista, visivelmente emocionada, agradeceu a oportunidade de cantar no Pelô e celebrou o caráter popular da festa. “Essa é a noite do povo. Cantar aqui é um sonho, porque essa festa é de todos nós”, declarou ao final da apresentação, arrancando aplausos calorosos da plateia.

Mas o brilho da noite não ficou restrito a um único palco. A força da festa esteve justamente na sua pluralidade. Em cada praça, uma linguagem musical distinta ecoava, como se o Pelourinho se transformasse em um grande mosaico sonoro. No Cruzeiro de São Francisco, pequenos trios nordestinos se revezavam com forrós de raiz, resgatando o espírito mais interiorano do São João. No Largo do Taboão, o samba de roda dividia espaço com apresentações de reisado e literatura de cordel. Já no Largo Pedro Archanjo, DJs exploravam fusões entre o piseiro, o reggae e batidas eletrônicas, atraindo um público mais jovem e alternativo.

Essa versatilidade musical foi o que mais encantou o público, que sentem como se caminhassem por várias festas em uma, uma vila da folia que cada praça te entrega uma experiência diferente. Tem pra todo mundo! As ruas estavam tomadas por barracas de comidas típicas, muitas delas administradas por moradores do próprio Centro Histórico, que encontraram no São João uma oportunidade de geração de renda. Milho, licor de jenipapo, cocada, carne do sol com aipim e bolos de milho disputavam espaço com artesanato, chapéus de palha e adereços juninos.

O comércio informal pulsava em harmonia com a festa, dando ao evento não só o calor humano, mas também o sabor da economia popular. A limpeza urbana também funcionou de forma eficiente, com agentes recolhendo lixo em tempo real, garantindo que o patrimônio histórico permaneça preservado.

O São João de 22 de junho no Pelourinho provou que a festa junina em Salvador é, acima de tudo, um espelho da diversidade cultural do povo baiano. Ao reunir ritmos distintos, estéticas variadas e um público heterogêneo, o Centro Histórico mostrou que é possível honrar as raízes do forró e, ao mesmo tempo, incorporar novas sonoridades e expressões. Foi uma noite onde o passado e o presente dançaram juntos, sob o batuque dos tambores e os acordes da sanfona, num cenário que fez da festa muito mais do que uma tradição: uma experiência coletiva de felicidade e pertencimento.

SÃO JOÃO NO PELÔ uma realização da 585 Studios, com apoio do Governo do Estado, através da Superintendência de Fomento ao Turismo – Sufotur.