O coração histórico de Salvador viveu uma noite de pura celebração nesta segunda-feira, 24 de junho, com o encerramento oficial do São João no Pelourinho. A festa, que durante todo o mês atraiu multidões para os largos, teve sua última e mais emocionante noite marcada por shows de nomes consagrados do forró. O clima de alegria tomou conta de cada viela, entre bandeirolas tremulando, cheiro de milho e amendoim no ar e um público que dançava sem pressa de se despedir da festa mais querida do Nordeste.

Santana, o Cantador, foi o primeiro a subir ao palco no Largo do Pelourinho, trazendo com ele a força poética do sertão nordestino. Com seu forró de raízes profundas, Santana emocionou o público ao unir lirismo e verdade em canções como “Ana Maria”, “Balada do Amor Inabalável” e “Respeito à Sanfona”. O show foi um respiro calmo e necessário em meio à empolgação da festa, com letras que tocavam fundo, embaladas por sanfona, zabumba e triângulo. À medida que o céu escurecia sobre as ladeiras do Centro Histórico, a música de Santana parecia abraçar a cidade, fazendo com que até os mais apressados parassem para ouvir e sentir.

Em seguida, o Forró Saborear trouxe uma virada de energia. Com seu estilo romântico e nostálgico, a banda fez o público reviver os tempos das festas de garagem e dos CDs gravados para amores adolescentes. Hits como “Se Liga em Mim” e “Me Usa” arrancaram gritos, coros emocionados e até lágrimas. O Largo do Pelourinho virou um salão coletivo de dança, onde casais se formavam e se reencontraram entre uma música e outra. O vocal afinado e os arranjos característicos de teclado e guitarra criaram uma atmosfera que era ao mesmo tempo festiva e melancólica — a perfeita tradução de um São João que chega ao fim.

A terceira apresentação da noite ficou por conta de Nuzio Medeiros, que levou ao palco uma batida mais moderna, sem perder a alma nordestina. O jovem artista cativou o público com sua presença vibrante e repertório que mistura o piseiro ao forró tradicional, criando um ritmo envolvente que agradou tanto aos veteranos da festa quanto aos mais jovens. Músicas como “Camisa no Travesseiro” e “Ela Só Quer Farra” foram cantadas a plenos pulmões, e Nuzio, visivelmente emocionado, agradeceu por cantar em um dos palcos mais simbólicos da Bahia. A multidão respondeu com aplausos e passos improvisados no calçamento irregular, transformando o Pelourinho em uma verdadeira vitrine da nova geração do forró.

Coube à banda Limão com Mel encerrar a noite — e, simbolicamente, o São João no Pelô — com um show arrebatador. Com três décadas de carreira e um repertório que atravessa gerações, a banda mostrou por que ainda emociona plateias em todo o país. Clássicos como “Toma Conta de Mim”, “É Amor” e “Vivendo de Solidão” foram acompanhados por um coro impressionante, que fazia parecer que cada pedra do Pelourinho conhecia as letras de cor. O palco parecia pequeno para tanta emoção. As luzes dos celulares iluminavam os rostos sorridentes e marejados de um público que sabia: aquele era o fim de uma temporada, mas também o início de muitas lembranças.

O encerramento do São João no Pelourinho não foi apenas o fim de uma festa — foi a consagração de um sentimento coletivo. A alegria estampada em cada rosto, a entrega dos artistas, o respeito às tradições e o calor humano que percorreu as ladeiras históricas deixaram claro que, em Salvador, o São João é mais do que um evento: é parte da alma da cidade. E mesmo quando as luzes se apagam e o último acorde silencia, a festa continua pulsando dentro de quem viveu a cada instante.

SÃO JOÃO NO PELÔ uma realização da 585 Studios, com apoio do Governo do Estado, através da Superintendência de Fomento ao Turismo – Sufotur.