Na noite de 19 de junho de 2025, o Pelourinho, no coração do Centro Histórico de Salvador, se transformou em um verdadeiro mosaico de sons, cores e emoções. À medida que o sol se despedia atrás dos sobrados coloniais e o céu ganhava tons alaranjados, o bairro começava a pulsar com a energia típica do São João, celebrando não apenas a festa, mas a própria alma nordestina. Não era apenas mais uma noite junina — era uma demonstração viva de como tradição e modernidade podem coexistir no mesmo compasso.
Logo nas primeiras horas da tarde, já era possível sentir o clima de expectativa tomando conta das ladeiras, vielas e largos do Pelô. O som das zabumbas e sanfonas ecoava de todos os cantos, se misturando com as risadas soltas, o cheiro de milho cozido, amendoim, licor e outras delícias típicas. Não havia um ponto sequer onde o espírito junino não estivesse presente — das barracas coloridas aos ensaios improvisados de trios de forró que tomavam as calçadas.
O ritmo da festa ganhou força ainda no final da tarde, quando os primeiros artistas subiram aos palcos montados em locais estratégicos do Centro Histórico. A curadoria da noite — sem pressa, mas firme em seu propósito — ofereceu uma sequência de apresentações que refletiram a diversidade musical do São João, sem abrir mão da autenticidade. Nomes com forte ligação com a cultura nordestina passaram pelo palco, trazendo desde o forró pé-de-serra mais tradicional até fusões modernas que dialogam com novas gerações. E o público respondeu com empolgação, entregando-se de corpo inteiro à dança e ao canto.
A atmosfera do Pelourinho é, por si só, um espetáculo à parte, mas não era só beleza que se via — era memória, história, resistência. Cada nota tocada, cada verso cantado, carregava não apenas melodia, mas também pertencimento. E em cada rosto, de moradores antigos a turistas encantados, se refletia a certeza de estar vivendo algo único.
A noite avançava, mas ninguém queria saber de ir embora. A cada novo artista, uma nova emoção. Havia quem dançasse agarradinho nos becos, quem pulasse no meio da praça, quem apenas observasse em silêncio — todos, no entanto, unidos pela mesma alegria coletiva. As janelas dos sobrados se abriam como se a cidade respirasse através delas, e o eco dos festejos parecia abraçar até mesmo quem assistia de longe, de alguma sacada discreta.
Os sorrisos, os passos de forró, os reencontros casuais entre amigos e vizinhos compunham um quadro que não se encontra em qualquer lugar: isso é Pelourinho em junho. Apenas música, festa e o respeito mútuo de quem entende que o São João é mais que uma tradição — é um elo com o passado, um gesto de gratidão à cultura popular, uma reafirmação da identidade baiana e nordestina.
E assim a noite seguiu — como devem seguir todas as boas festas — de forma orgânica, sem pressa e sem exageros. Sem grandes promessas, mas com verdade. Sem pirotecnia, mas com alma. Quando os últimos acordes silenciaram, ainda havia quem insistisse em mais uma música, mais uma dança, mais uma lembrança para guardar. E o Pelourinho, como guardião das histórias da Bahia, ficou ali: de portas abertas, cheio de luzes, ecoando em silêncio os festejos que já entravam pela madrugada.
Foi uma noite para ser vivida, lembrada e, acima de tudo, celebrada — porque o São João, no Pelô, não é apenas um evento: é uma vivência. E no dia 19 de junho, isso ficou mais claro do que nunca.
SÃO JOÃO NO PELÔ uma realização da 585 Studios, com apoio do Governo do Estado, através da Superintendência de Fomento ao Turismo – Sufotur.